Comédia, aventura, teen, literatura feminina
Capítulo 1: A Inscrição Surpreendente
O sol brilhava radiante sobre o campus do internato para garotas onde Lola passava seus dias. As árvores, com suas folhas verdes vibrantes, pareciam dançar ao som da brisa suave. Era a rotina habitual de aulas e atividades, mas aquela semana havia uma agitação diferente no ar.
Lola McBride. Bom, Lola é apenas o apelido. Cresceu aos cuidados de sua avó, sua tia Amber e seu pai Jhonn. Quando Jhonn se foi, a vovó McBride cuidou da neta de apenas 10 anos com muito carinho. Momentos bons, que duraram apenas até os 15 anos da garota, quando a vovó veio a falecer. A velhice estava avançada; ela quase viveu até os cem anos.
Então, sem escolhas, passou a ser criada por sua tia Amber. Uma mulher não muito... Como posso dizer? Insuportável? Com a desculpa de que não tinha muito tempo para a sobrinha — coisa que era mentira, já que não trabalhava e ficava em casa o dia todo fazendo nada além de reclamar — colocou a garota no internato feminino 'Devil's Dreamers', um nome bem contraditório e duvidoso. Desde então, esse se tornou seu lar há mais de seis anos.
Lola, com seu humor rabugento matinal, acordou irritada com o som incessante dos pássaros em sua janela no quarto onde vivia com outras três garotas. Todos os dias era a mesma rotina: nada de novo, nada de diferente.
A Sra. Filger, professora de Geografia, falava, falava e falava, mas Lola ouvia, sequer, uma palavra. Estava concentrada demais desenhando o Bob Esponja na carteira — algo que fazia com frequência nas horas de tédio, especialmente nas aulas da Sra. Filger.
— Senhorita McBride!
A garota se assusta quando a senhora de estatura baixa, com seus óculos redondos cafonas e seu cardigan cinza, que sempre vestia, joga um livro sobre sua mesa. A professora Filger tinha uma voz fina e irritante, seu timbre demonstrava cansaço, o que é muito justificável pela sua idade.
— Sim, senhora? — olhou para ela fingindo interesse. Não queria ser expulsa da sala novamente.
— Para a direção! Já! — apontou para a porta.
A garota a olhou indignada.
— O que... mas...
— Para a direção!
— Senhora, eu estava apenas—
— Senhorita McBride, já é a quinquagésima vez nos últimos meses que você não presta atenção na aula. Isso é inadmissível!
— Eu não estou muito disposta, e essa cadeira está me matando. Dá uma chance, vai. Fica suave, velhota!
— Senhorita, toda aula é a mesma desculpa. Não tolero descaso e falta de interesse em minhas aulas. Veja, seus colegas estão incomodados.
A sala toda olhava para a garota, que apenas fez um biquinho. Lola sempre foi travessa, e as aulas de geografia eram as piores; nada nunca entrava em sua cabeça, não importava quantas vezes estudasse o mesmo assunto ao longo dos anos.
— E... espera... você me chamou do quê?
Na sala da diretoria
— Senhorita McBride, novamente na direção. Você sabe que se continuar assim, não teremos outra escolha a não ser mandá-la para morar com sua tia, não sabe? — disse a diretora Margareth, sempre repetindo a mesma coisa toda vez que ela era chamada à direção.
— Eu sei, mas eu não tenho culpa se a aula dela é tão difícil de compreender!
— Você é expulsa da sala de aula por quase todos os professores. Quando não é por falta de atenção, é por bagunça — a garota se sentou de qualquer jeito em frente à mesa da diretoria, onde, do outro lado, a senhora a observava.
— Você já tem 20 anos, precisa ser ao menos um pouco responsável e parar de dar trabalho para os professores e atrapalhar a turma!
Ela respirou fundo. Responsabilidade. Eca! Lola odeia essa palavra, não somente pelo significado, mas também pela forma como se pronuncia. Responsabilidade. Respeito... Respeito é outra palavra. Eca! A forma como se pronuncia é irritante!
— Ainda não me esqueci do seu incidente na sala de química.
— Foi um acidente, eu só estava seguindo as instruções que o professor havia mandado.
— Sim, sim, e essas instruções foram seguidas tão corretamente ao ponto da senhorita colocar fogo na sala, colocando em risco a vida de suas colegas?
— Não foi culpa minha.
— Nós já te explicamos sua situação atual. Você sabe que terá que trabalhar aqui durante sete anos para pagar os danos causados, não sabe? — assenti desanimada.
— Eu sei... Aff, não pode fazer nada também, hein! Se eu respirar, tomo advertência; se eu tossir, tomo advertência; se eu me mexer, tomo advertência. Que perseguição!
— Se a senhorita seguisse as regras, isso não aconteceria. Você é a pior aluna desse colégio, um sinônimo de mal exemplo. Faz tudo errado — iria falar algo, mas ela continua — E digo mais... Irá ganhar uma advertência pela ousadia de ter me respondido! Onde já se viu? Você deve respeito aos mais velhos.
Algumas pessoas são tão irritantes, principalmente os mais velhos, sempre com o velho argumento de "respeite os mais velhos, senão irá queimar no fogo ardente do inferno". A senhora Margareth é religiosa. Eles seriam os primeiros, porque, além de estarem na beira da morte, são os maiores pecadores da humanidade.
Não é de se admirar que muitos são abandonados em asilos. Lembro-me de minha avó, ela era tão travessa quanto eu. Puxei a ela. A vovó foi a idosa mais legal que eu já conheci, seu jeito despojado e suas gírias nada a ver com sua idade a faziam ser especial e única.
Sinto saudades... Essa é a minha meta para a velhice; quero ser uma velha diferente e nada convencional, igual a ela.
— Eu falei pra você ser menos teimosa e atrevida! Agora vai ter que trabalhar aqui o resto da vida.
— Fala mais baixo, Jisoo! — repreendi a garota ao meu lado — Será só até os meus 27 anos. Nem é tanto tempo assim.
Na verdade, estou mentindo. Sete anos! Sete anos presa nesse inferno, não sei se vou aguentar por muito tempo!
— Aliás, o que você tá fazendo aqui? Como te deixaram entrar? A diretora sabe?
Ela sorriu travessa.
— Eu trouxe uns biscoitos de mel — levantou uma cesta — Disse que era para a feira de caridade. Ela me disse para vender até o intervalo, e depois eu iria ter que ir embora.
— Eu tô com fome, já aproveita e me passa logo aí. E pra mim é de graça, tá? Afinal, amigas não cobram amigas.
A mesma revirou os olhos e me entregou a cesta cheia de deliciosos e aromáticos biscoitos de mel fresquinhos. Hum... Delícia!
— Hummm... — Não resisti a gemer de satisfação ao morder aquele biscoito. A Jisoo é uma ótima cozinheira; o Seokjin tem sorte.
— Como eu dizia anteriormente, antes de nós, seres humanos, existiu um animal chamado Australopithecus. Que viveu há milhões e milhões de anos atrás. Nós somos descendentes deste animal e—
O professor é interrompido com batidas apressadas na porta.
— Entre, por gentileza.
A diretora Margareth entrou firmemente, fazendo um barulho irritante com seu salto baixo. Ela pediu licença ao professor que a cumprimentou e se colocou diante da turma.
— Boa tarde, queridas alunas da Devil's Dreamers, o lugar onde os sonhos se realizam!
Engraçado... O meu sonho é me ver bem longe desse lugar, e até agora não se realizou.
— Este é um dia muito especial. Digno de glória, excelência — a mesma sorria abertamente de forma tão natural e instantânea que me deixou assustada. Seu sorriso estava de canto a canto de seu rosto gigante. Não é por nada não, mas ela tem umas bochechas enormes! Enormes é pouco, são desproporcionais.
— Atenção, senhoritas! — a não menos que excêntrica senhora Margareth anunciou com um tom dramático — O palácio está à procura de uma noiva para o príncipe! — seu tom de empolgação era muito elevado. Os burburinhos pela sala começaram. Na porta estavam as outras alunas das outras salas, muito eufóricas, provavelmente a diretora já havia passado em suas salas — Todas as interessadas devem se inscrever para participar do processo de seleção!
E então pronto... O caos começou, garotas andando para lá e pra cá, gritos, conversas, maquiagem voando... Um completo caos!
— Lolita...
Jisoo estava tendo que gritar para que eu pudesse ouvir. Já eu tive que tapar meus ouvidos e me aproximar da morena para conseguir escutar direito. Que barulheira!
— Você va—
— Silêncio! Acalmem-se e sentem-se em seus devidos assentos imediatamente! — a voz da diretora soou alta pela sala, fazendo todas pararem ofegantes e obedecerem.
— Mas senhora, como vamos nos inscrever e participar da seleção? Nossas provas estão chegando, e não temos permissão para sair do internato nesses períodos...
E aí começou o falatório novamente, com muitas dizendo "É verdade", "Quer dizer que não vamos poder participar?", "Que injusto!".
— Acalmem-se, senhoritas. O período de provas foi adiado por ordens da realeza — todas se olharam com um fio de esperança e entusiasmo — Por ordem real, todas as moças solteiras devem se inscrever, se for de sua própria vontade, é claro.
— Se eu não estivesse noiva, me candidataria. — Disse uma em um tom de chateação.
— Eu não vou perder essa oportunidade! Meu namorado nem me dá presentes mesmo — outra disse.
Onde já se viu, cadê o respeito e a dignidade? Elas só estão com os namorados por dinheiro e presentes. Lamentável.
Eu, que estava sentada na última fileira, revirei os olhos. Para mim, a ideia de se tornar uma princesa era um conto de fadas que não fazia sentido. Afinal, a vida de uma princesa não deveria ser repleta de bailes e vestidos bonitos? Mas eu sei que, ao retornar para casa, terei que enfrentar uma temporada difícil com minha tia Amber, que adorava criticar cada movimento meu.
— Seria melhor do que conviver com a sua tia. — Jisoo pigarreou.
— Uh, tsc, que bobagem... Mas é verdade — rimos.
Enquanto minhas colegas se empolgavam e murmuravam sobre os príncipes encantados e luxuosos palácios, a diretora sorria abertamente para o professor que retribuía na mesma intensidade. Afinal, se uma das alunas fosse a selecionada, o Devil's Dreamers ficaria mundialmente conhecido e mundialmente beneficiado, se é que me entende.
— Prestem atenção.
As garotas olharam para frente, dessa vez realmente se interessando e prestando bastante atenção.
— As moças irão entrar no site ou no app oficial da realeza. Primeiro de tudo, fazer o cadastro, colocar coisas básicas e essenciais, como seus dados, saúde, documentos, relatório escolar...
Ao falar isso, a mesma passou seus olhos de relance em minha direção, e eu tenho quase certeza de que foi uma indireta. Bruxa!
— É, você não poderia se inscrever nisso nem se quisesse — disse a minha digníssima melhor amiga, Kim Jisoo, da forma mais natural possível.
— Eu nem sou tão péssima aluna assim... — resmunguei.
— Senhora Margareth, nós iremos ser supervisionadas na hora da inscrição? — perguntou Clara, uma das garotas que divide o quarto comigo, a mais insuportável deste lugar. Não sei o que enxergam nela. Aquela nariguda.
— Não, isso iria contra as regras. É tudo confidencial, afinal lá você também colocará suas metas, descreverá sua personalidade. Você só compartilhará se quiser. Você colocará seus dados e...
Espera, espera, espera.
Eu ouvi direito? Sem supervisão?
Então é isso! Sim! É exatamente isso! Como não pensei nisso antes! É tão simples, tão perfeito, tão... tão... eu!
Não pude conter o meu sorriso de satisfação. Então é assim? É assim que vai ser? Eu finalmente vou ter o meu momento!
— Ok, não estou gostando nada disso... — Jisoo me encarava assustada; ela sabia bem o que eu estava pensando.
— Não...
— Sim!
— Não...
— Sim!
— Isso não vai dar certo, Lola!
— É claro que vai. Eu só preciso do seu histórico escolar em minhas mãos até as cinco horas da manhã do dia seguinte.
Nos dias seguintes, o internato se transformou em um verdadeiro campo de batalha de competições e ensaios. As garotas se preparavam como se fossem a próxima Miss Universo, com vestidos de gala, aulas de etiqueta e até uma consultoria de beleza improvisada. Eu, por outro lado, apenas observava, rindo da preocupação de minhas colegas.
Estava no refeitório tomando meu café, e o barulho hoje estava incessante. O lugar que antes era silencioso na hora da refeição se tornou um caos. Parecia um podcast, só que com oito mil pessoas falando ao mesmo tempo, e pior ainda, do mesmo assunto. Um assunto esse que parecia infinito e não acabava nunca.
Ao meu redor, as garotas só falavam sobre o quanto elas devem ficar bonitas para impressionar no palácio, impressionar o rei e a rainha, impressionar a imprensa, impressionar o príncipe.
— Você não está realmente pensando em se candidatar, está? Esse tipo de coisa não é para você.
— Óbvio que não, mas a alternativa é muito pior — respondi, piscando um olho — Imagine só: eu poderia ter um castelo, um guarda-roupa enorme e, quem sabe, até um cavalo bonito!
Falei no meu tom menos irônico. Eu irei me inscrever pelo título de dama da corte, e não por uma certidão de casamento.
Mas a garota, como sempre, pareceu não entender. Clara riu, balançando a cabeça. Eu não queria dar credibilidade ao estereótipo de que toda loira natural é burra, mas... Clara não estava ajudando muito pra isso.
— Você, uma princesa? Isso seria hilário! Mas, sério, o que você faria se ganhasse? Mudar o reino para um lugar onde todos pudessem usar tênis e comer pizza todos os dias?
— Exatamente! — respondi com um sorriso travesso — Pizza e tênis para todos! — As duas caíram na risada, atraindo olhares curiosos de outras garotas que, alheias à leveza da conversa, estavam absorvidas por suas ansiedades reais sobre o futuro.
— Ouvi dizer que o príncipe Min Yoongi gosta de garotas ruivas. Então, eu já posso ser considerada praticamente esposa do príncipe! — Sarah se gabou. Mas todas as garotas, inclusive eu, rimos de sua idiotice.
— Fala sério, Sarah, vai se tratar! — uma disse.
— Gosta de garotas ruivas... Essa foi boa! — Triz gargalhava sem parar.
— É óbvio que eu serei a escolhida, afinal, venho de uma família rica e privilegiada. Tenho bons modos e sou muito bonita. — A Clara, desde sempre, foi insuportável. Sempre lembrando as outras de seu status social, de sua riqueza, ou melhor, a riqueza de seus pais.
Está sempre pisando nos outros, se fazendo de coitadinha e inocente. Patricinha de... Não a suporto, ninguém a suporta. Até mesmo as duas idiotas que ela faz de gato e sapato, que beijam o chão onde ela pisa, não devem gostar dela de verdade.
— E você?
Aí pronto. Se eu ainda tinha uma gota de paciência, ela secou agora mesmo.
— O que tem eu? — perguntei desinteressada.
Ela riu de escárnio.
— Por que se inscreveu, hein? — apoiou os cotovelos na mesa, enquanto as outras apenas observavam a conversa. Apesar de não sermos próximas, elas me conhecem muito bem. Sabem que eu tenho um pavio curto e uma língua afiada.
— Ora, pelo mesmo motivo que todas as outras. Ou quase pelo mesmo motivo. E você já me fez essa pergunta.
Ela riu.
— Você princesa? Faça-me rir! Você nunca será a escolhida, nem sequer passará na admissão para entrar na seleção oficialmente. Enquanto eu serei a princesa consorte.
— E quem disse que eu quero ser princesa? Diferente de vocês, eu não me casaria com o príncipe... Aliás, não me casaria com homem nenhum por dinheiro e título. Prefiro conquistar um por conta própria. E será isso o que acontecerá, quando uma moça for a escolhida com sorte, e as outras, assim como eu, nos tornaremos damas privilegiadas.
— Pra isso acontecer, Lolita, você precisaria ter educação. Coisa que lhe faz muita falta.
A olhei sorrindo, o meu habitual sorriso que dizia "grandes merdas". Ai, que garota insuportável!
— Agir de maneira inadequada e desrespeitosa no palácio pode te levar à expulsão e exclusão da seleção — ela ainda estava com aquele sorrisinho maldoso nos lábios cobertos por aquele batom rosa claro, horroroso!
— Mas você é uma boa garota, não é mesmo? Já que conseguiu passar na inscrição onde deveria colocar sua personalidade e dados pessoais, como o relatório escolar — as outras garotas continuavam assistindo tudo de perto e às vezes até cochichando umas com as outras — Aposto que a sua amiguinha te ajudou, não foi? Sua máscara irá cair logo, logo. Você não tem boas maneiras, vai ser expulsa no primeiro dia no palácio.
Gargalhou e as outras fizeram o mesmo.
— Seja você mesma, Lola! E não se esqueça da pizza! — gritou Clara, enquanto se afastava.
Os dias seguintes foram uma montanha-russa. As inscrições foram encerradas, e provavelmente todos os cidadãos da cidade estavam diante da TV, assistindo à revelação dos nomes das moças que foram selecionadas para participarem oficialmente da seleção.
Hoje as portas do Devil's Dreamers estavam abertas para visitas. Então, Kim Jisoo estava ao meu lado, sentada na última arquibancada, onde geralmente ficavam os antisociais, excluídos e bagunceiros. O resto do internato estava vazio. Todos estavam no pátio assistindo pelo telão o anúncio.
Hoje o local parecia mais cheio, e de fato estava. As famílias das jovens estavam aqui para assistirem juntas ao resultado da escolha. Eu, obviamente, não chamei minha tia. Mas a Jisoo veio sem nem eu precisar convidar.
Jisoo é mais do que uma amiga; é como uma irmã. Ela não estuda e nem mora no internato, mas está sempre me visitando.
Quanto mais o tempo passava, mais cheio o lugar ia ficando, mas silencioso.
— Candidata de número 52... Jung Hyorin.
A voz do homem de terno preto e elegante soou alto através da televisão. Todos os canais estavam ao vivo, acompanhando a seleção.
Mais uma selecionada, imagino bem como deve ter sido a sua reação, apesar de não fazer a mínima ideia de quem seja. A cada nome anunciado, as coisas iam ficando mais acirradas. As garotas aqui estavam muito nervosas. Faltam apenas 48 vagas.
— Candidata de número 53... Sarah Alejandro.
Os gritos pelo pátio foram tão altos que aposto que do lado de fora, na porta principal, deu pra ouvir. Uma garota do internato havia passado; a Sarah havia passado.
— Aí meu Deus! Eu... Eu passei! Ahhhhhhh!!!!!!!
Mal deu tempo para a coitada comemorar, pois, segundos depois, o baque foi ouvido... Ela estava no chão.
Nossa, foi tão rápido. Chega a ser hilário.
— Nossa... Ela desmaiou mesmo! — comentou Jisoo, vendo a garota sendo carregada por algumas alunas.
— Candidata de número 68...
Quando foi que chegou nesse número?
— Clara Handfild.
Se os gritos para Sarah foram altos, eu não sei nem explicar como foram os de Clara. A garota mais popular e rica do colégio foi carregada e erguida ao alto pelas outras idiotas que comemoravam junto com a mesma. A diretora Margareth sorria sem parar. Nunca havia visto tantos dentes em sua boca.
Os professores não estavam muito diferentes. Óbvio, né? Os benefícios que receberiam seriam de muito valor.
Parecia final de copa do mundo. É confete, risos e gritaria pra todo lado. As pessoas que estavam nas arquibancadas foram correndo rapidamente para o centro do pátio, onde estava concentrada a comemoração. Um coro alto ecoava por todo lugar, onde diziam: "Clara! Clara! Clara!" Uma comemoração muito exagerada pra meu gosto.
— Candidata de número 98...
A essa altura, ninguém mais se importava com o anúncio, só queriam comemorar que duas das alunas do Devil's haviam entrado para a seleção.
Quanta bobagem. Isso nem é lá grandes coisas. Emocionadas, desesperadas por atenção e dinheiro.
— Elizabeth McBride.
Tudo ao meu redor pareceu congelar.
A Sra. Margareth estava prestes a infartar.
— Quem é essa tal de Elizabeth? — uma voz surgiu no meio do silêncio.
Um silêncio tão silencioso quanto meus passos até a cozinha na madrugada.
O universo é muito louco.
Meu horóscopo disse há dias atrás que meu ano seria repleto de desgraças e comida mofada. Acabei de descobrir que... horóscopos mentem, e não se deve confiar neles.
— Sou eu... eu... eu passei? Aí meu Deus, eu passei!
Como sempre, a vida de Lola McBride se tornara mais interessante do que ela jamais poderia imaginar. Agora, a verdadeira aventura estava prestes a começar!